Por Fernando F. da SIlva
A Face Oculta do Cérebro
Quando tudo o que se sabia a respeito da gênese do conhecimento humano, do processo ensino-aprendizagem e das técnicas psicopedagógicas parecia fazer sentido, novas descobertas vieram revolucionar o panorama das Ciências da Educação neste fim de milênio.
Tudo começou na Universidade de Harvard na primeira metade da década de 90, onde o professor Howard Gardner pesquisava distúrbios mentais causados por traumatismos e tumores. Estudando detidamente diversos casos de lesões cerebrais e suas respectivas conseqüências, ele percebeu que as áreas corticais afetadas comprometiam algumas habilidades individuais, deixando intactas outras competências. Incomodado com suas observações, e desejoso de esclarecer o mistério que ali se escondia, Gardner guiou-se no conhecimento até então acumulado e em sua própria intuição, aprofundando e sistematizando suas pesquisas até chegar à conclusão de que o ser humano é dotado de múltiplas inteligências.
O processo de pesquisa passou por diversas etapas: inicialmente, formou-se uma equipe multidisciplinar à qual se atribuiu o nome de Projeto Zero. O objetivo inicial era o de determinar se aquelas competências recém-descobertas poderiam ser estimuladas com drogas, exercícios físicos, intervenções cirúrgicas, treinamento ou outras formas. Posteriormente, quando o projeto ganhou corpo e seus resultados começaram a ser respaldados pela comunidade científica, Gardner e seus colegas receberam apoio e verbas do governo norte-americano, podendo a partir daí firmar parcerias com cientistas de todo o mundo, das quais resultou a teoria das Múltiplas Inteligências que conhecemos hoje.
Segundo a revista Escola 100% "tão importante quanto a multiplicicade das competências é a descoberta de que todas elas podem
ser desenvolvidas por processos básicos, sem sofisticação, em qualquer lugar do mundo. Começa-se agora a brotar, uma perspectiva educacional nunca antes vislumbrada.
A partir do momento em que se estabelece que o desenvolvimento das múltiplas inteligências é tarefa da escola, o educador assume uma importância que, historicamente, só os grandes pensadores atingiram, em pleno apogeu da Grécia antiga. A Era do Cérebro é também, portanto, a Era do Educador."
As Bases Bioquímicas - por Ozéas Ascendino Gomes
As ligações entre terminais nervosos – as chamadas "sinapses" – são efetivadas sob efeito de estímulos do meio ambiente. Por isso, quanto mais tenra a idade do indivíduo maior se apresenta a plasticidade neuronal para a formação de novas conexões. Isso talvez explique por que uma criança demonstra maior facilidade para o aprendizado, por exemplo, de uma língua estrangeira, se comparada a um adulto. Por outro lado, existe um poderoso limitador para a assimilação e fixação de novos elementos cognitivos: a formação genética, que determina a presença – em determinadas condições e quantidades – de substâncias químicas que atuam como materiais carreadores de estímulos entre os neurônios. Estas substâncias são conhecidas como neurotransmissores, e se movem através dos canais celulares, de um neurônio para outro, conduzindo a informação cerebral. A assimilação de substâncias capazes de interferir neste mecanismo de ação sináptica pode influenciar negativamente a ação seletiva da inteligência ou da aptidão, inibindo a sinapse e obstando o mecanismo cerebral. A ingestão continuada de drogas como o álcool, a maconha, a cocaína e o crack podem alterar definitivamente a capacidade de apreender e processar informações, causando uma queda no desempenho intelectual do indivíduo. Uma coisa é certa: tanto o desenvolvimento harmo-nioso da inteligência como da aptidão depende muito da perspicácia dos pais e educadores nos primeiros anos de vida da criança. Incentivando – sem forçar – as tendências positivas demonstradas pelo infante, pode-se facilitar a liberação, no cérebro deste, de substâncias químicas neurotransmissoras indispensáveis a uma futura vida sadia .
Pós-graduado em Geociências e Mestre
Conheça as Competências:
Lingüística ou Verbal associada à fala, se destaca em escritores, poetas, escritores e oradores, que se expressam com extrema clareza e constroem sintaxes com facilidade e perfeição.
Lógico-matemática
está associada à simbologia dos números e sinais usados
Espacial: está ligada à capacidade de perceber, fora do plano material, objetos e eventos. É assim que se associam a criatividade e a espacialidade. Presente em projetistas e arquitetos, é também marcante em marinheiros, motoristas de táxi e outros que localizam espacialmente os lugares.
Sonora ou Musical: manifesta-se nas pessoas que extraem elementos múltiplos do som e compreendem sua combinação como verdadeira linguagem. Pode ser aprofundada através de estímulos programados, incorporando a linguagem do som às outras tantas inerentes ao ser humano.
Cinestésico-corporal: está associada ao movimento e é marcante em atletas, bailarinos, mímicos e todos que fazem de seus movimentos corporais uma forma de linguagem com a qual resolvem dificuldades.
Naturalista: associada à vida natural e vegetal, é também conhecida como inteligência ecológica ou biológica. Através de um programa de estimulação, pode abrir perspectivas para a compreensão do fenômeno da vida e suas múltiplas interdependências, criando novos conceitos de beleza.
Pessoais: costumam ser divididas em intra e interpessoais. As primeiras estão ligadas ao autoconhecimento e, portanto, à individualidade e auto-estima. São comuns em pessoas que compreendem seus limites e se aceitam. Já as interpessoais se associam à empatia e à capacidade de leitura e compreensão do outro, e se mostram expressivas em grandes líderes carismáticos.
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