Meu esposo (pela garra, consciência de classe, e exemplo) e eu.
Ao casal amigo: "Liga da Justiça" (Welbert e Andréa),
dentre outros, cujo o papel é lutar pela justiça e igualdade social.
Há um herói que age às escuras.
Sua roupagem tem aroma de justiça,
sua luta é regida pela esperança.
Este amigo de sonho e luta tem uma ferramenta de guerra que é mortal,
mas não cruel.
Usa, tão somente, utensílios como caneta, lápis, tintas e papel.
E registra as lutas travadas logo após surgirem idéias e abrolhar ideais.
Em seu canto, solitário e escuro, ecoa sua voz
carregada de angústia e ternura.
Neste canto, isolado do mundo frio,
escreve suas façanhas,
suas frases e experiências de dores,
palavras sofridas,
misturadas a desenhos.
E nem assim enxerga a vida somente à custa das amargas dores.
Antes registra tudo em vivas cores.
Há quem não veja este herói.
A estes cavalheiros o mundo é sempre cruel.
Amargam-lhe a boca, por vezes retirando-lhe o pão.
São os que crêem no bom velhinho, o Papai Noel,
com suas renas com belos pêlos e de belas cores.
Carregam consigo um velho gordo
e ainda os sonhos
que foram arrancados de almas tão inocentes.
Estes seres também andam na calada da noite,
distribuindo a quem já tem.
Os sonhos de liberdade de outrem.
Mas ao herói cavalheiro,
sobra a fama de ser justiceiro infiel,
por travar batalhas em nome da ordem,
pois este não tem um trenó a brilhar na noite,
antes tem na ponta do lápis alfinetes e açoites,
que a seus inimigos incomodam.
As regras do jogo só valem se forem dirigidas a ele.
Claro, Papai Noel é um doce velhinho
que propaga fazer o bem.
Tem registro e credencial de profissão.
Só anda em ruas largas
ou avenidas bem enfeitadas e iluminadas.
Nosso herói estudou em escola pública de periferia,
carrega consigo o diploma do segundo grau.
No seu canto,
solitário,
não vê uma chaminé sequer.
Sua visão superior,
enxerga, e
observa apenas,
as sombras de vários dos barracos
nas encostas das favelas.
Sua vida é uma luta constante,
há de pensar em quem ali habita.
Ele avista entre os becos espremidos,
fétidos e escuros: as pessoas humildes que andam na escuridão,
são pais de famílias,
consumidos da luta pelo pão.
É nestas horas que nosso herói
mais sente o peso de sua missão.
Por sentir o mesmo que os outros que moram na comunidade,
porém, perde a sensação de noite feliz e vai travar suas batalhas.
E vê que no mundo não está só,
com ele há um grupo de heróis anônimos,
sem credencial de qualquer classe.
Estes heróis vencem o cansaço e o sono,
na escrivaninha subjugam
a indiferença e o abandono.
Quando exaustos e em dores,
vencem-lhes os murmúrios dos sonhos.
É hora de reclinar a cabeça,
tira-lhe o peso do crânio.
Nas altas horas da noite se sentem vitoriosos e vingadores,
que de lápis em lápis escreve o um mundo
e tira satiriza com este mundo cruel e banal,
que vive apenas de capital.
O sono dos justiceiros é invadido por esperanças
e cores de lindas flores,
mas que, ao acordarem verão suas vilas alegres,
com um mundo bem diferente,
onde não haverá crianças descalças e de calças seguras por alfinetes.
E sonham ainda, que,
quando acordem,
não vejam mais crianças choronas por pão, leite e café,
mas antes tenham os mesmos direitos
dos que estão diante à chaminé.
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