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Para Refletirmos

O pensamento comunista me trás sentimentos de profundo amor. É como as gotas de chuva para as plantas depois de um longo período de estiagem: vem para purificar e dar lugar a nova estação.

Miriam Pacheco S. Seixas

segunda-feira, 8 de junho de 2009

HERÓIS DA NOITE



Homenagem aos amigos que considero heróis: Cleuber, do blogger: http://www.tracodeguerrilha.blogspot.com
Meu esposo (pela garra, consciência de classe, e exemplo) e eu.
Ao casal amigo: "Liga da Justiça" (Welbert e Andréa),
dentre outros, cujo o papel é lutar pela justiça e igualdade social.


Há um herói que age às escuras.

Sua roupagem tem aroma de justiça,

sua luta é regida pela esperança.

Este amigo de sonho e luta tem uma ferramenta de guerra que é mortal,

mas não cruel.

Usa, tão somente, utensílios como caneta, lápis, tintas e papel.

E registra as lutas travadas logo após surgirem idéias e abrolhar ideais.

Em seu canto, solitário e escuro, ecoa sua voz

carregada de angústia e ternura.

Neste canto, isolado do mundo frio,

escreve suas façanhas,

suas frases e experiências de dores,

palavras sofridas,

misturadas a desenhos.

E nem assim enxerga a vida somente à custa das amargas dores.

Antes registra tudo em vivas cores.

Há quem não veja este herói.

A estes cavalheiros o mundo é sempre cruel.

Amargam-lhe a boca, por vezes retirando-lhe o pão.

São os que crêem no bom velhinho, o Papai Noel,

com suas renas com belos pêlos e de belas cores.

Carregam consigo um velho gordo

e ainda os sonhos

que foram arrancados de almas tão inocentes.

Estes seres também andam na calada da noite,

distribuindo a quem já tem.

Os sonhos de liberdade de outrem.

Mas ao herói cavalheiro,

sobra a fama de ser justiceiro infiel,

por travar batalhas em nome da ordem,

pois este não tem um trenó a brilhar na noite,

antes tem na ponta do lápis alfinetes e açoites,

que a seus inimigos incomodam.

As regras do jogo só valem se forem dirigidas a ele.

Claro, Papai Noel é um doce velhinho

que propaga fazer o bem.

Tem registro e credencial de profissão.

Só anda em ruas largas

ou avenidas bem enfeitadas e iluminadas.

Nosso herói estudou em escola pública de periferia,

carrega consigo o diploma do segundo grau.

No seu canto,

solitário,

não vê uma chaminé sequer.

Sua visão superior,

enxerga, e

observa apenas,

as sombras de vários dos barracos

nas encostas das favelas.

Sua vida é uma luta constante,

há de pensar em quem ali habita.

Ele avista entre os becos espremidos,

fétidos e escuros: as pessoas humildes que andam na escuridão,

são pais de famílias,

consumidos da luta pelo pão.

É nestas horas que nosso herói

mais sente o peso de sua missão.

Por sentir o mesmo que os outros que moram na comunidade,

porém, perde a sensação de noite feliz e vai travar suas batalhas.

E vê que no mundo não está só,

com ele há um grupo de heróis anônimos,

sem credencial de qualquer classe.

Estes heróis vencem o cansaço e o sono,

na escrivaninha subjugam

a indiferença e o abandono.

Quando exaustos e em dores,

vencem-lhes os murmúrios dos sonhos.

É hora de reclinar a cabeça,

tira-lhe o peso do crânio.

Nas altas horas da noite se sentem vitoriosos e vingadores,

que de lápis em lápis escreve o um mundo

e tira satiriza com este mundo cruel e banal,

que vive apenas de capital.

O sono dos justiceiros é invadido por esperanças

e cores de lindas flores,

mas que, ao acordarem verão suas vilas alegres,

com um mundo bem diferente,

onde não haverá crianças descalças e de calças seguras por alfinetes.

E sonham ainda, que,

quando acordem,

não vejam mais crianças choronas por pão, leite e café,

mas antes tenham os mesmos direitos

dos que estão diante à chaminé.

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