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Para Refletirmos

O pensamento comunista me trás sentimentos de profundo amor. É como as gotas de chuva para as plantas depois de um longo período de estiagem: vem para purificar e dar lugar a nova estação.

Miriam Pacheco S. Seixas

quarta-feira, 29 de julho de 2009

COQUEIRO

Por Míriam Pacheco da Silva Seixas

Doce de coco,
ainda lembro teu gosto,
ainda lembro-me do coqueiro
‘arretado’, do lugar onde foste achado,
na praia de além-mar.
Terra fértil e boa, onde nasce um
coqueiro carregado.
Goteja do teu fruto, ó nobre coqueiro,
água de coco translúcida e doce.

Coco que nasce no alto da árvore,
torna o fruto mais inacessível
e quase intocável,
em local de difícil acesso.
Sem perdão, teima em crescer.
Sem noção, teima em frutificar.

Lusitanos que não entenderam tua beleza,
nem tua rica forma de degustação.
Mas depois conquistaste o mundo
com seu sabor e aroma sem igual.
Porém homens de pés alvos que aqui chegaram
não buscavam alimento,
buscavam apenas
riquezas maiores e reluzentes.

Coqueiro de Vera Cruz,
viste coisas horrendas
no litoral deste Novo Mundo,
viste madeiras de lei
serem roubadas e flutuarem além-mar.

Assististe ainda, ó grande coqueiro,
povos inocentes e singelos
serem dizimados aos milhões.
Massacre cruel e injusto,
em nome de uma falsa santidade,
verdade seria a santa ganância e
com maior ignorância,
roubar tão nobre beleza
e inocência desta formosa Terra.


Velho Mundo vislumbrou nobre madeira,
ferindo Vera Cruz adentro,
roubando identidade destas ricas terras.

E tu, ó nobre coqueiro,
tão logo, viste Pau-brasil
flutuar além-mar
para outras terras se transformar
em assento de homens pomposos
desdentados e mal cheirosos.

Depois disto, audaciosos homens pomposos,
Te deram, ó Vera Cruz, novo nome.
Passaste a ser terra de linda e nobre madeira.
Hoje a terra que habitas,
ó coqueiro,
tem poucos exemplares
de tão bela madeira.

Madeira quase extinta por enorme ganância dos
homens brancos de grande arrogância.
Feriram os veios das matas virgens
que antes dos pés tão alvos destes homens
nem nome a terra formosa precisava ter
por se tratar de uma terra santa,
um paraíso perdido.
Agora estas terras onde pés alvos ousaram tocar,
deixou de ser Ilha e passou a ser Terra.
“Terra de Santa Cruz.
Terra cheia de graça

Terra cheia de pássaros

Terra cheia de luz.”

E em pouco tempo
homens de pés alvos quiseram
purificar-se de suas práticas violentas e,
p’ra achar remissão de suas horrendas loucuras,
deram novo nome a este chão,
tentando apagar horrores praticados.

A terra que tuas raízes, ó coqueiro,
habitas agora, foi privada de toda sua pureza.
Terra que tuas raízes ainda sustentam
leva o nome da nobre madeira furtada,
se chama agora Brasil.
“Brasil cheio de graça
Brasil cheio de pássaros

Brasil cheio de luz!”

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